quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Do you still wanna die?"



Será possível alguém amar mais de uma vez ou será que é algo único que nos acontece? E se formos capazes de amar novamente? Seria tão intenso quanto? Ou talvez menos intenso, menos bonito. São dúvidas que tenho tido frequentemente, e que, aproveitando o excesso obrigatório de tempo livre, resolvi terminar a última temporada de uma série que gosto muito. Ela falava sobre o amor entre um vampiro e uma mestiça de fada com humana. Nos últimos episódios o vampiro descobre ter pouco tempo de vida, porém descobrem um antídoto para a doença que o consumia. Sua decisão foi de não tomá-la e aceitar a "Verdadeira Morte". Sua justificativa foi que enquanto ele vivesse, sua amada sempre voltaria para ele, mas ele jamais poderia dar a ela a vida feliz que ela merecia. Em seus últimos momentos, ele disse que havia um jeito dela renunciar seus poderes e viver uma vida normal, mas ela negou dizendo que não aceitava nada daquilo. Nem sua morte, nem a renúncia dos próprios poderes. Tudo isso fazia parte dela. Era o que ela era e não fugiria disso. Sacrificou-se então pela liberdade de sua amada. 
Peguei-me pensando nisso. Ter a mão ou o pai que tenho é quem eu sou. A família que eu tenho, meus amigo, o homem que eu amo é quem eu sou. Eu não devo tentar fugir disso, ou estaria fugindo de mim mesmo. Eu passei por uma longa fase de negação, certo. Mas não me vejo mais nesta fase. Hoje estou mais sereno e forte. Percebi, nesse meio tempo, que preciso saber lidar com as mudanças que nos ocorre. 
O fato de não ser aceito pela minha mãe pelo que sou, me magoou muito e eu me achava incapaz de ser um bom filho. Hoje eu vejo que o problema não está em mim, mas sim na pequenez da mente dela e isso não me incomoda mais. Ter ficado tanto tempo sem trabalhar me deixou achando ser incapaz de arrumar outro, mas hoje pude ver que precisava disso. Precisava recuperar minha humildade, voltar às raízes. Não ter o homem que amo ao meu lado me fez achar ser a pessoa mais infeliz do mundo. Bom, a dor ainda não passou, sequer diminuiu, mas eu aprendi a conviver com ela. Todas as minhas perdas, hoje, eu vi que não foi por incapacidade minha, mas pelo medo das pessoas envolvidas. Eu não tive medo de me dedicar ao trabalho, de me mostrar como realmente sou para a mulher que mais amo ou de amar verdadeiramente quem eu escolhi, com meus motivos, pra isso. O receio foi alheio, não meu. Então eu não vivo mais em negação, e aprendi a conviver com a dor, com a ausência de tudo isso. Ficou mais fácil? Não. Mas ao menos eu estou em paz comigo mesmo. Ciente de que fiz o meu melhor. 
Não me arrependo de nada. Sei que fui justo, honesto e mantive minha honra intacta. E muito menos voltarei atrás com minhas decisões. Quer minha mãe ou não, esse sou eu. Ela pode não me apoiar, mas não fingirei ser quem não sou. Posso não ter meu doce amor comigo mais, mas ainda estou aqui, sempre esperando por ele enquanto vivermos, enquanto respirarmos.

Em seus últimos momentos de vida, o vampiro moribundo não aguentava mais sofrer e pediu para que sua amada o poupasse do sofrimento. Ela disse a ele todos os motivos de o amar e querer ele com vida, e então o perguntou:

"Do you still wanna die?"

"Please", respondeu o convalescente.

Então ela decidiu libertá-lo da dor e assim, entregou-o para a Verdadeira Morte cravando uma estaca em seu coração. Anos depois ela apareceu casada e grávida. Assim encerrou-se a série. E o rosto de seu novo marido sequer apareceu. Porque? Porque ela não o ama, mas não pode entregar-se a seu amor. Ele já não estava mais lá. Ela foi infeliz? Talvez não, mas jamais seria a mesma coisa. Depois dele, ela jamais encontraria alguém que a fizesse tão bem, mesmo que ele ache o contrário.

Esse é exatamente o meu pensamento. Não me faz bem a pessoa que simplesmente não tenha problemas, mas a que segura minha mão e os enfrentamos juntos. Não tenho medo de problemas. Na verdade, tenho tido muito pouco medo. Me tornei muito analítico e frio nesse quesito. Mas, infelizmente, não é algo que faça muita diferença, agora. Eu prometi a mim mesmo não me abater. Seguiria com minha vida, e não cairia quando ele estivesse com outro, mas conheço meu amor por ele e sei o quão bom isso tudo seria, se pudesse acontecer. Não digo que não fique triste, fico, ao saber, pensar ou supôr que há outro, mas não vou deixar de seguir. Apenas estarei aqui caso ele queira voltar, um dia. Porque meu coração tem um dono. e apenas um.

Quetsciah.