domingo, 20 de outubro de 2013

Ao Anjo da Morte.




Não viria até você se não fosse importante. Não trato isso com levianidade, porém há muito as coisas vêm se complicando. Encontro-me em uma situação deplorável, irreconhecível. Temo por cada segundo que etá por vir. A dor se tornou constante e a agonia cresce a cada segundo. Tenho me sentido só, embora muitos tenham tentado me ajudar. Tentaram, sim, porém de uma forma ineficaz. Insuficiente.
Meus amigos dizem que ficar em casa de nada ajuda, que eu preciso sair e ver gente, não quero. Então lá se foram eles ao encontro de uma maravilhosa tarde de alegria. Minha família assiste minha dor sem ter o que fazer. Aproximam-se, afagam-me e afastam-se de novo. Vejo a dor deles como eles veem a minha. Eles não seriam capaz de compreender se os falasse. E nem de fazer algo a respeito. O homem a quem pedi ajuda em toda a minha vida recusou-se a me ajudar por... Bom, não sei. Ele nunca se deu ao trabalho de dizer o porque, apenas disse que não conseguia. Estive disposto a ajudá-lo a me ajudar, mas foi em vão. Estive disposto, inclusive, a ajudá-lo a se tornar o homem que tanto sonhou, mas ele preferiu continuar sendo o homem que ele sempre foi, e mais.
Sinto-me completamente sem esperanças, cansado, triste. Há dias não como, não bebo, não rio, sequer levanto da cama. Bebo um copo de leite apenas para amenizar a dor de minha mãe. Ora algo para beliscar. Sem vontade, nunca consumo por completo também. Humilhei-me por diversas vezes por ajuda, para todos, homem, amigos, psicóloga, psiquiatra, anjos, ciganos, elementais, deuses, Deus. Todos em vão. Nenhum deles sequer tentou agir da forma que era preciso para me ajudar, apenas tentaram me fazer um carinho aqui e outro ali, secaram minhas lágrimas quando necessário, mas no fundo, nenhum deles fez o que foi preciso. Nenhum me deu o que eu precisava. A sensação de que tenho é que não tenho pernas e braços, embora os tenha. Não consigo mais me sentir inútil, um peso. A dor me consome a ponto de eu estar enlouquecendo. 
Antes eu chorava e gritava para amenizar a dor, hoje já não é o suficiente, não há mais lágrimas. Estas deram lugar a um líquido mais espesso e de coloração vermelha, então comecei a chorar meu sangue. Com o tempo este também secou. Hoje choro minha alma, cada gota que cai de mim é um pingo de minha vida que se vai, mas não faz a dor parar. Parece uma eternidade tudo isso, mas não é. Venho carregando isso comigo há três anos, e meu limite foi atingido. Peço sua ajuda, pois não sei mais o que fazer. Não consigo mais olhar-me no espelho sem ter pena de mim mesmo. Imploro a você, que foi o único que ainda não pediu, e também o único que ainda não me virou as costas. Ajude-me, leve-me, traga-me a paz. Tudo o que quero neste momento é a paz. Caso possa me ajudar, sabe onde eu moro, você já esteve aqui. Estarei em minha cama esperando pacientemente por você.


Atenciosamente,
Danilo Nascimento.

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